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Pilotos de depoimento especial para povos tradicionais têm roteiro inicial

Pilotos de depoimento especial para povos tradicionais têm roteiro inicial

Os Tribunais de Justiça do Amazonas (TJAM)da Bahia (TJBA)de Mato Grosso do Sul (TJMS) e de Roraima (TJRR) já têm um roteiro inicial para implantação dos projetos-piloto de depoimento especial das crianças e adolescentes pertencentes a povos e comunidades tradicionais. Os projetos buscam estruturar protocolo de atendimento e de realização deste tipo de tomada de depoimento junto a crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de violência.

Segundo a conselheira do CNJ e presidente do Fórum Nacional da Infância e Juventude (Foninj), Flávia Pessoa, esse roteiro básico traz diretrizes iniciais para começar a desenvolver os projetos-pilotos. Ela afirma que é necessária uma participação efetiva de cada um dos quatro tribunais escolhidos e da rede de proteção local para se chegar ao formato mais adequado de acordo com as especificidades das localidades.

A consultora Luciane Ouriques Ferreira, contratada por meio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), apresentou o documento final na última segunda-feira (21/6), para o grupo de trabalho do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e para representantes dos órgãos do Judiciário envolvidos. “A partir da articulação do sistema de garantia de direitos com as lideranças, representantes e organizações dos povos e comunidades tradicionais, o roteiro busca contribuir para a adequação dos fluxos de atendimentos prestados pelos órgãos que atuam para promover a proteção integral e a não revitimização das crianças e adolescentes vítimas de violência.”

A tomada do depoimento especial de criança ou adolescente deve ser realizados em local apropriado, seguro e acolhedor, que garanta a privacidade do depoente e seja dotado de material necessário para coleta do depoimento especial. O ato deve ser realizado por profissionais com qualificação específica e que, preferencialmente, integrem as equipes técnicas do Judiciário.

Além de alinhar a atuação das instituições que integram o sistema de garantia de direitos nas localidades, o roteiro propõe ainda organizar a coleta dos depoimentos, com a definição de um juiz ou juíza de referência para realização do procedimento, elaborar cadastro de intérpretes indígenas para atuar nas audiências, operacionalizar a perícia antropológica, adequar o Protocolo Brasileiro de Entrevista Forense às especificidades das crianças e adolescentes dos povos e comunidades tradicionais, ações de formação das equipes de tribunais e de comunicação à sociedade, entre outras iniciativas.

Luciana Ouriques explica que a perícia é fundamental, porque vai instrumentalizar a pessoa entrevistadora a planejar a audiência de depoimento especial. “A perícia que vai dar a situação dessa criança dentro da rede de parentesco a qual ela pertence. Ela que vai subsidiar o magistrado na tomada de decisão da sentença, mas também no encaminhamento do atendimento que vai ser dado a essa criança, seja vítima ou testemunha.”

Projeto

Os projetos-piloto envolvem dez comarcas de quatro tribunais brasileiros: Amambaí, Dourados e Mundo Novo, no TJMS; São Gabriel da Cachoeira e Tabatinga, no TJAM; Cachoeira, Eunápolis e Santo Amaro, no TJBA; e Boa Vista e Bonfim, no TJRR. Os povos e comunidades tradicionais atendidos nessas são 31 povos indígenas, falantes de 22 línguas distintas, além de 20 comunidades de terreiro, uma comunidade quilombola e seis acampamentos de ciganos.

O produto final será a elaboração do Manual Prático de depoimento especial de crianças e adolescentes pertencentes aos povos e comunidades tradicionais. O documento vai estabelecer os parâmetros e as diretrizes para a consolidação de um protocolo intercultural para a implementação de depoimento especial, contribuirá para instituir os padrões de atendimento para órgãos do Judiciário e do sistema de garantia de direitos, como forma de fortalecer as políticas judiciárias voltadas à proteção da infância e da juventude dos povos e comunidades tradicionais.

FONTE: Carolina Lobo /Agência CNJ de Notícias – FOTO: Luiz Silveira/CNJ

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