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Depoimento Especial uma prática que está se consolidando no RS, uma prática que está se consolidando no Brasil

Depoimento Especial uma prática que está se consolidando no RS, uma prática que está se consolidando no Brasil

Quando, em 2.003, realizou-se no Juizado da Infância e da Juventude de Porto Alegre, a primeira audiência de escuta de uma criança vítima de violência sexual, DE FORMA PROTEGIDA, não tínhamos a mínima ideia da dimensão do problema nessa área, tampouco quais os encaminhamentos que o poder público poderia realizar para que essa experiência não ficasse isolada no tempo.

Felizmente, embora muito, mas muito mesmo, ainda necessite ser realizado e melhorado, não temos como não concluir que o progresso nessa área muito significativo.

Hoje o Rio Grande do Sul, que possui 165 comarcas instaladas, oferece esse serviço em todas elas (SP, PR,SC e MS também possuem um índice de 100% de atendimento), assim atendendo integralmente as disposições da Lei nº 13.431/2.017, que teve como mote de sua inspiração, aquela primeira audiência realizada em 2.003, na época nominada de DEPOIMENTO SEM DANO.

Em valioso levantamento feito pela Coordenadoria da Infância e da Juventude do Rio Grande do Sul, que é ligada à Corregedoria-Geral do TJ/RS, referente às audiências realizadas no ano de 2.020 (dados mostram que em 2.019, no Brasil, mais de 15.000 crianças e adolescentes foram ouvidas através do depoimento especial), este um ano atípico, em razão da pandemia (presume-se que apenas 1/3 das audiências que seriam realizadas, efetivamente o foram), mais uma vez foram confirmadas as informações que há muito já se sabe, como que as violências sofridas em regra ocorrem muitas vezes, 90% das vítimas possuem 13 anos ou menos, 85% das vítimas são do sexo feminino, e 97% dos agressores são do sexo masculino.

Novidade nesse levantamento, que não estava presente em levantamentos anteriores, é que 75% das vítimas reconheceram a importância do depoimento especial, como sendo ele uma ação positiva para elas, enquanto que apenas 3% disseram não ter tido essa prática muito importância.

Mais uma novidade, é que 26% dessas vítimas justificaram a importância dos depoimentos, como forma de evitar que os acusados não mais pratiquem violências contra ninguém.

Informações como essas, colhidas de forma isenta e responsável, colaboram muito para que novos projetos e ações sejam desenvolvidos para a proteção de nossas crianças e adolescentes.

Significativo ainda nesse trabalho do Rio Grande do Sul, é a constatação de que embora estejam em um dos ramos do direito que menos utiliza o depoimento especial nos processos que jurisdicionam, são os Juízes da Infância e da Juventude de todo Brasil, que estão à frente da implementação de práticas como essa, que priorizam a PROTEÇÃO, O BEM-ESTAR e o DESENVOLVIMENTO SAUDÁVEL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES.

O viés principal, portanto, é a PROTEÇÃO.

Parabéns à Coordenadoria da Infância e da Juventude do TJ/RS, parabéns aos Juízes da Infância e da Juventude do Rio Grande do Sul, parabéns a todos os Juízes da Infância e da Juventude do Brasil, pelo excelente trabalho que estão realizando.

Talvez a população brasileira não saiba, mas o Brasil é, no mundo, um dos países com maior destaque no desenvolvimento desse trabalho junto a crianças e adolescentes, não sendo improvável que seja o país com o maior número de equipamentos instalados com tal objetivo.

Acesse o levantamento estatístico sobre audiências de Depoimento Especial realizadas nas comarcas do TJRS.

José Antônio Daltoé Cezar

Desembargador do TJ/RS

Presidente da ABRAMINJ

FONTE: ABRAMINJ

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