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Projeto de Apadrinhamento transforma a vida de adolescentes

Projeto de Apadrinhamento transforma a vida de adolescentes

X., um jovem rapaz de 16 anos, e Y, ela com 17 anos, terão um final de ano em 2021 bem diferente do que de costume – e com muita alegria. O que os dois têm em comum? Ambos moram em abrigos e foram beneficiados através do programa Padrinho Doe um Futuro. Perto de completarem a maioridade e deixarem as instituições, estão fazendo cursos profissionalizantes financiados pelos padrinhos.  

X.  foi parar no abrigo após ser expulso de casa pelos pais há um ano e meio por não aceitarem a sua orientação sexual. O jovem está projetando no curso de gastronomia, que frequenta há dois meses em uma instituição particular graças aos padrinhos, a chance de um caminho após completar 18 anos e concluir o Ensino Médio. Para quem não sabia sequer cortar uma cebola, a oportunidade está sendo a melhor possível.  

“Meus pais nunca aceitaram o fato de eu ser gay. Eles não me respeitavam e me mandaram para o abrigo. Eu me sinto mais acolhido no abrigo porque me dão amor, carinho e se preocupam comigo como se fosse filho deles. Me sinto tão acolhido que fui apadrinhado. Meus pais cozinhavam, mas nunca me ensinaram. Eu só tenho a agradecer”, contou.  

Y se sente acolhida no abrigo em que reside há dois anos em Senador Camará, na Zona Oeste do Rio. Ela encontrou no espaço o amparo que não tinha dentro de casa, pois sofria abuso sexual do padrasto e, a partir da ajuda de padrinhos, concluiu o curso de maquiagem. Após ter o diploma em mãos, a jovem sonha alto.  

“Eu fugi de casa e fui morar sozinha aos 14 anos após sofrer abuso do meu padrasto. Não tinha o apoio da minha mãe. Vejo que muitas mães e pais se tornaram inimigos dos próprios filhos.  Cheguei ao abrigo após uma denúncia. Mas agora isso faz parte do passado. Depois da conclusão do curso de maquiagem, quero aprender outro idioma. Atualmente, concilio os estudos e o trabalho como atendente, estoquista e caixa em uma farmácia através do Projeto Jovem Aprendiz que o meu padrinho conseguiu para mim”, disse.  

Os dois fazem parte do projeto “Apadrinhar – Amar e Agir para Materializar Sonhos”, que ajuda a criar laços de afeto entre a sociedade e as crianças e os adolescentes que vivem em acolhimento institucional e familiar, com esperança de reinserção familiar ou de adoção, para que se desenvolvam de forma saudável, com amor, consciência e cidadania.   

Dentro do Projeto de Apadrinhamento, a 4ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso da Capital do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) lançou uma vertente específica para adolescentes: Doe Um Futuro, pelo qual é possível impulsionar adolescentes a terem uma formação profissional. Pela lei, assim que completam 18 anos, os adolescentes que vivem em abrigos devem sair desses serviços de acolhimento. Para seguir seus próprios caminhos, o padrinho do Doe Um Futuro financia cursos profissionalizantes indicados, sem entregar qualquer valor às Varas da Infância e Juventude. Os padrinhos contratam diretamente com os cursos e disponibilizam as vagas para os adolescentes indicados pelo Poder Judiciário.  

“Os adolescentes disseram quais cursos profissionalizantes gostariam de fazer, e pesquisamos os cursos próximos aos abrigos, os preços e a duração. É um presente que vai durar para a vida toda. Apadrinhamento significa proteger, defender, cuidar, patrocinar ou auxiliar uma criança ou adolescente em seu processo de crescimento e amadurecimento pessoal ou profissional. Você pode juntar um grupo de pessoas, família e amigos, para ratear a mensalidade de um curso para um adolescente. Com muito pouco, é possível fazer a diferença na vida de um adolescente vulnerável”, explica o juiz da 4ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso da Capital, Sérgio Luiz Ribeiro de Souza.  

O Apadrinhar aproxima as crianças e os adolescentes que vivem em abrigos e as famílias que querem dar afeto ou alguma ajuda material a eles. É uma nova oportunidade de vida e esperança. No Estado do Rio de Janeiro, o projeto já está presente na vida de muitas crianças e adolescentes. O projeto possui três formas de apadrinhamento: o afetivo, o provedor e o prestador de serviços.  

No afetivo, o padrinho afetivo visita regularmente o afilhado e acompanha o seu desenvolvimento escolar e pessoal. Juntos, realizam atividades e passeios fora da instituição de acolhimento e passam juntos fins de semana, feriados etc. O objetivo é permitir que a criança e o adolescente tenham uma convivência familiar e social saudável, com experiências gratificantes e afetuosas para o desenvolvimento social e emocional.  

No modelo provedor, as madrinhas e os padrinhos oferecem suporte material ou financeiro às crianças e aos adolescentes como forma de amparo a necessidades básicas de vestimenta, saúde, educação e até diversão. Como provedor, é possível realizar a doação de utensílios, equipamentos, calçados, brinquedos, materiais ou financiamento para obras nas instituições de acolhimento, como o patrocínio de cursos profissionalizantes, reforço escolar e prática esportiva. Outra opção é fazer uma contribuição mensal em dinheiro em conta-poupança, aberta em nome do afilhado, com movimentação feita apenas a partir de autorização judicial ou com a maioridade civil.  

Já como prestador de serviços, o padrinho se cadastra com o foco de oferecer serviços ou conhecimentos, conforme a sua especialidade de trabalho ou interesse. São, por exemplo, aqueles que querem ensinar um idioma nas instituições ou fazer atendimentos odontológicos ou médicos.  

“O retorno é o melhor possível. As crianças e os adolescentes melhoram o desempenho na escola, o comportamento e a autoestima. O que queremos é dar dignidade, respeito e estímulo para eles”, acrescenta o magistrado.  

Mais informações sobre o Programa de Apadrinhamento também estão disponíveis neste endereço.  

FONTE: TJRJ

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