O Colégio de Coordenadores da Infância e da Juventude dos Tribunais de Justiça do Brasil, profundamente consternado com a tragédia que vitimou a juíza Viviane Vieira do Amaral Arronenzi, vem manifestar seu pesar e sentimentos à família, amigos e colegas da vítima.

Registramos ainda nosso repúdio a mais esse brutal feminicídio que atingiu uma mulher, mãe e profissional exemplar, bem como ao fato de ter sido cometido na presença das três crianças, filhas da vítima e do seu algoz.

O Brasil é o 5º país do mundo em feminicídios, onde a cada 6 horas uma mulher é morta pelas mãos de um homem com quem se relacionou afetivamente.

Também estamos diante de grave violação dos direitos de crianças com sua exposição a  uma das mais cruéis formas de violência.

Na esteira do abjeto crime de feminicídio também são vitimadas nossas crianças e adolescentes, e os criminosos são pessoas do ambiente de seu convívio familiar cotidiano. Trata-se de transgressão do dever/poder de proteção do adulto e negação dos direitos de crianças e adolescentes, cuja condição peculiar de desenvolvimento requer atenção especial.

É urgente mudar essa realidade. Acreditamos que o caminho para a mudança profunda que a sociedade brasileira anseia é a educação.

Esperamos que a morte da magistrada Viviane não seja em vão, e que sirva para trazer luz não apenas ao grave problema da violência contra a mulher, mas também às soluções possíveis, educando as nossas crianças, para que possam se relacionar afetivamente de forma saudável, não violenta, empática, sem preconceitos e igualitária. E para todo os criminosos deve recair a mais rigorosa e célere punição.

Viviane atuou como juíza da Infância e Juventude e lutou por um mundo mais justo e igualitário para as crianças e adolescentes do nosso país. Ela não está mais entre nós, mas sua luta está mais viva do que nunca, e será combatida por todos os juízes da Infância e Juventude que aqui permanecem.

Rio de Janeiro, 27 de dezembro de 2020.

Sérgio Luiz Ribeiro de Souza

Juiz Presidente do Colégio de Coordenadores da Infância e da Juventude dos Tribunais de Justiça do Brasil

Imagem: TJM/RS